A eflorescência no concreto é mais que um problema estético, é também uma possível causa de problemas estruturais nas construções.
Neste artigo, explicamos em detalhes o que é a eflorescência no concreto, por que ela ocorre, quais riscos oferece, como prevenir seu surgimento e quais métodos aplicar para removê-la de forma eficaz. Confira!
A eflorescência no concreto é uma patologia que ocorre quando sais solúveis presentes na matriz do concreto se dissolvem na água presente nos poros e na superfície do material. À medida que a água evapora, os sais são depositados na superfície do concreto, formando manchas brancas, esbranquiçadas ou esverdeadas.
A concentração dos sais pode incluir sulfatos, carbonatos e outros compostos solúveis, que são encontrados em materiais como cimento, agregados e água de cura.
Além disso, é importante observar que a eflorescência é mais comum em regiões com altos níveis de umidade ou onde ocorrem mudanças frequentes de umidade, como climas úmidos e chuvosos.
Também vale destacar que a eflorescência não é sempre prejudicial à resistência ou à durabilidade do concreto, mas pode ser indesejável esteticamente, afetando a aparência do material.
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Muitas pessoas, ao pesquisarem sobre o assunto, encontram os termos lixiviação e eflorescência associados. Mas eles são diferentes.
A lixiviação é uma parte do processo de eflorescência, mas trata especificamente da penetração da água no concreto que dissolve Ca(OH)2 (Hidróxido de Cálcio) e Mg(OH)2 (Hidróxido de Magnésio) no cimento e leva ao acúmulo de hidróxido de cálcio na superfície dos blocos de concreto.
Esses produtos, quando chegam à superfície com a água, reagem com o CO2 da atmosfera, sofrem carbonatação e então se transformam em sais. Quando a água evapora, formam-se as manchas brancas da eflorescência.
Mas enquanto a eflorescência em si tem riscos menores de danos estruturais, a lixiviação pode diminuir a resistência mecânica das peças de concreto pela perda de sólidos e a abertura de caminhos para substâncias nocivas às armaduras e ao próprio concreto, levando a:
A ocorrência de eflorescência pode afetar tanto construções novas quanto antigas, servindo como um sinal de que há infiltração ou movimentação de umidade na estrutura.
Para engenheiros e arquitetos, compreender o fenômeno ajuda a prevenir danos futuros; para construtores, reduz custos de manutenção; e para proprietários, preserva o valor estético e comercial do imóvel.
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Podemos destacar cinco principais causas para surgimento da eflorescência. São elas:
Explicamos melhor cada uma delas a seguir:
O concreto contém vários sais solúveis, como sulfatos, carbonatos e cloretos, provenientes dos materiais utilizados na sua composição, como cimento, agregados e água.
Quando a água presente no concreto dissolve esses sais, eles migram em direção à superfície e, à medida que a água evapora, os sais cristalizam, formando a eflorescência.
Durante o processo de cura do concreto, é comum utilizar água para manter a umidade necessária para o desenvolvimento da resistência. Se essa água contiver sais dissolvidos, eles podem se depositar na superfície do concreto à medida que a água evapora.
Se o concreto estiver exposto a água externa, como chuva ou água do solo, os sais solúveis presentes no concreto podem ser dissolvidos pela água e transportados em direção à superfície.
Isso pode ocorrer devido a problemas de impermeabilização, fissuras ou falhas na estrutura do concreto.
Em regiões com alta umidade do solo, a água pode migrar para o interior do concreto por capilaridade. À medida que a água evapora, os sais solúveis podem ser transportados para a superfície do concreto, resultando na eflorescência.
Alguns compostos químicos presentes no concreto podem reagir entre si, formando sais solúveis que contribuem para a eflorescência. Um exemplo comum é a reação entre sulfatos presentes no cimento e o alumínio contido em certos tipos de agregados.
Para prevenir a eflorescência, é importante adotar boas práticas construtivas, como:
Além disso, existem produtos disponíveis no mercado, como selantes e revestimentos, que podem ajudar a reduzir a ocorrência de eflorescência.
Outra dica para reduzir a suscetibilidade da estrutura às eflorescências é optar por tipos de concreto dosados com cimentos com baixos teores de álcalis, como as versões com adição de escória ou pozolanas.
Caso não seja possível utilizar esses cimentos especiais, concentre-se em impedir a percolação de água no concreto, controlando tanto a origem da umidade indesejada quanto a ocorrência de fissuras na estrutura.
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Antes de iniciar qualquer tratamento, é fundamental confirmar se as manchas presentes realmente correspondem à eflorescência e não a outros problemas superficiais, como mofo, bolor, manchas de umidade ou desgaste natural do concreto. O diagnóstico correto evita tratamentos desnecessários ou ineficazes.
Confira a seguir 3 métodos de diagnóstico da patologia:
Com um borrifador ou pincel, umedeça levemente a mancha suspeita.
Se ela desaparecer temporariamente ou mudar de aparência, isso indica que a substância depositada é solúvel em água — característica típica dos sais da eflorescência. Quando a superfície secar, a mancha tende a reaparecer.
Esse teste rápido ajuda a diferenciar sais cristalizados de sujeiras e manchas oleosas, que não reagem à água da mesma forma.
A eflorescência geralmente apresenta um aspecto seco, pulverulento ou cristalino, variando do branco puro ao esverdeado, dependendo do tipo de sal presente.
Diferente do mofo ou bolor, ela não tem textura aveludada e não apresenta odor característico de matéria orgânica.
Além disso, a eflorescência costuma se espalhar de forma mais uniforme em áreas afetadas por infiltração, enquanto fungos crescem de modo irregular e pontual.
Em casos de dúvida ou quando é necessário identificar exatamente o tipo de sal para definir o melhor tratamento, pode-se coletar uma amostra raspando levemente a superfície e enviando para análise química em laboratório especializado.
Esse exame pode confirmar a presença de compostos como carbonatos, sulfatos ou cloretos, ajudando a diagnosticar a origem da umidade e a escolher o método de remoção mais adequado.
Remover a eflorescência do concreto pode ser um processo desafiador, mas existem várias abordagens que podem ser adotadas. Aqui estão algumas opções:
A eflorescência superficial pode ser removida por escovação vigorosa com uma escova de cerdas duras. Isso ajudará a soltar e remover os sais depositados na superfície do concreto. No entanto, esse método pode ser demorado e pode não ser eficaz para eflorescências mais profundas.
A lavagem ácida pode ser eficaz na remoção da eflorescência, mas é importante tomar precauções adequadas ao trabalhar com ácidos.
Antes de usar qualquer ácido, é essencial ler as instruções do fabricante e seguir as diretrizes de segurança. Os ácidos comumente usados são ácido sulfâmico e o acético.
Esses ácidos ajudam a dissolver os sais e remover as manchas. Após a aplicação do ácido, enxágue bem o concreto com água limpa para remover completamente os resíduos.
Em casos mais persistentes de eflorescência, pode ser necessário lixar a superfície do concreto. O lixamento mecânico remove a camada superficial do concreto, onde os sais depositados estão localizados.
No entanto, essa abordagem pode ser mais adequada para superfícies duras, como pisos de concreto, e pode exigir o uso de equipamentos especializados.
Existem produtos químicos disponíveis no mercado projetados especificamente para remover a eflorescência. Esses produtos são aplicados na superfície do concreto e ajudam a dissolver os sais.
É importante seguir as instruções do fabricante e tomar as precauções de segurança necessárias ao usar esses produtos.
Atenção: Ao manipular produtos ácidos ou químicos, utilize luvas, óculos de proteção e máscara apropriada. Trabalhe em local ventilado e nunca misture produtos diferentes. Após a aplicação de ácidos, sempre neutralize a superfície com solução alcalina suave antes do enxágue final.
Após a remoção da eflorescência, é recomendado investigar e corrigir a causa subjacente do problema para evitar sua recorrência. Isso pode envolver a análise da qualidade dos materiais utilizados, a impermeabilização adequada da estrutura e a prevenção da penetração de água no concreto.
Lembre-se de que, dependendo da gravidade e da profundidade da eflorescência, pode ser necessário procurar a ajuda de um profissional qualificado em concretagem ou construção para determinar a melhor abordagem de remoção.
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Separamos a seguir as principais dúvidas sobre eflorescência. Algumas já foram respondidas em outras partes do texto, mas reunimos tudo aqui para que você compreenda melhor.
O que é eflorescência?
A eflorescência é uma patologia caracterizada pelo aparecimento de manchas brancas, esbranquiçadas ou esverdeadas na superfície do concreto. Ocorre quando sais solúveis presentes no material se dissolvem na água que circula pelos poros e, ao evaporar, deixam os cristais de sal depositados na superfície.
Por que acontece a eflorescência?
A eflorescência ocorre principalmente devido à presença de sais solúveis no concreto e à movimentação de água no seu interior. Fatores como excesso de umidade no solo, água de cura com sais, infiltrações, falhas de impermeabilização ou reações químicas internas podem transportar esses sais até a superfície.
Eflorescência faz mal para a estrutura?
Na maioria dos casos, a eflorescência é mais um problema estético do que estrutural. No entanto, sua presença pode indicar infiltração ou movimentação de umidade, fatores que, se não tratados, podem causar corrosão das armaduras, fissuras e perda de resistência mecânica.
Como remover a eflorescência?
Os métodos mais comuns incluem escovação, lavagem ácida controlada, lixamento mecânico ou uso de produtos químicos específicos para remoção de sais. A escolha do método depende da extensão e profundidade da patologia, e sempre deve ser acompanhada de medidas para eliminar a causa da umidade.
Qual a diferença entre lixiviação e eflorescência?
A lixiviação é um processo químico ligado à eflorescência, mas não é a mesma coisa. Ocorre quando a água dissolve hidróxido de cálcio e magnésio do cimento e os transporta à superfície, onde reagem com o CO₂ do ar formando sais. Diferente da eflorescência superficial, pode reduzir a resistência do concreto, abrir caminhos para agentes agressivos e acelerar a corrosão das armaduras.
A eflorescência no concreto pode parecer apenas um incômodo estético, mas também serve como alerta para possíveis problemas de umidade e falhas construtivas.
Identificar corretamente a patologia, entender suas causas e aplicar as medidas preventivas e corretivas adequadas são passos essenciais para preservar a durabilidade, a segurança e a estética das construções.